Divisão igualitária dos lucros


Sou contra o estatismo e contra o privatismo. Neste sentido, sou contra o modelo capitalista atual, onde a maior parte do lucro fica apenas com um dono dos meios de produção (ou meia dúzia de sócios), fazendo com que os trabalhadores fiquem com a menor parte das riquezas, gerando desigualdade extrema (1% da população mundial tem mais riqueza que os outros 99%), e contra o socialismo marxista estatizante, onde a maior parte dos lucros ficam com políticos e burocratas — isso também se aplica a todos os modelos estatizantes, como o fascismo, nazismo, etc.

Sou a favor de que as grandes empresas, indústrias, e terras, sejam geridas pelos trabalhadores, pois são eles que produzem toda a riqueza, PORTANTO, nada mais justo que eles fiquem com a maior parte dos lucros.

Deste modo, sou a favor de que todo o lucro das grandes empresas seja dividido igualitariamente entre os trabalhadores, e que eles passem a ser donos dos grandes meios de produção.

Quando falo de "grandes meios de produção", não falo do seu carrinho de cachorro quente, do seu carrinho de churros, ou do seu botequim da esquina, mas sim de GRANDES EMPRESAS, INDÚSTRIAS, E TERRAS.

Muitos poderiam dizer: "Mas se os lucros da empresa forem divididos de forma igualitária, ninguém vai ter incentivo pra subir de cargo !" Este é um bom argumento, mas o ser humano não é movido apenas pelo incentivo financeiro, ele também é movido por STATUS e RECONHECIMENTO, portanto muitos desejarão subir de cargo. Além disso, muitos podem ter vontade de desempenhar funções de cargos mais elevados apenas por acharem que o trabalho de um gestor financeiro é mais atrativo do que limpar o chão da fábrica, ou carregar tijolos.Também podem querer desempenhar determinada função simplesmente porque sempre sonharam com isso, e o desejo por determinado emprego pode se tornar o incentivo para competirem por aquela vaga. Enfim, existem dezenas de outras motivações que estão além dos incentivos financeiros. Portanto, a igualitária divisão dos lucros não é um entrave na busca por cargos mais elevados.

Este modelo, além de fazer os trabalhadores receberem mais — pois a maior parte do lucro não ficará com um único dono — faz com que os trabalhadores trabalhem de forma mais eficiente, eficaz, e motivada, pois quanto maiores os lucros, mais eles receberão.

Muitos poderiam dizer que isso aumentaria os preços devido a inflação. Realmente isso pode ser um problema. A inflação aumentaria se caso os trabalhadores recebessem salários mais altos, e estes salários ficariam incluídos nos custos de produção, o que faria aumentar o preço dos produtos. Acontece que eles não recebem salários definidos, mas sim participação nos lucros. Então o preço das mercadorias seria definido pelos gestores de acordo com a oferta/demanda, custos, e competição do mercado, sendo que apenas após vender essas mercadorias é que obteriam o lucro, e desse lucro retirariam os seus rendimentos. Os salários não estariam inclusos nos custos de produção. Os rendimentos dos trabalhadores ocorreriam após a venda das mercadorias, portanto os salários não aumentariam os custos, já que os rendimentos dos trabalhadores ocorrem através dos lucros. Deste modo, os salários não aumentariam os custos, já que não há salário incluso no preço.

O que pode influenciar na inflação é o aumento da demanda, pois os trabalhadores teriam mais dinheiro para comprar mercadorias, ou seja, a demanda aumentaria, o que pode acabar impactando na inflação.

Bom, devido a competitividade do mercado, as empresas, indústrias, etc, produziriam mais e tentariam manter os preços baixos para competir. Portanto, há capacidade produtiva de aumentar a oferta de mercadorias, e há competição entre as empresas para praticar preços competitivos. Se determinada empresa aumentar os preços excessivamente, outra empresa poderá roubar mercado.

Uma lei pode ser criada que impede monopólios e oligopólios — isto já é o suficiente pra garantir a competitividade do mercado. A oferta acompanhar a demanda é totalmente possível, tendo em vista que grande parte das industrias e empresas atuam com capacidade ociosa, ou seja, são capazes de produzir muito mais do que produzem. Além disso, com as tecnologias e máquinas atuais, produzir em maiores quantidades não é um problema.

Assim, devido aos motivos expostos (capacidade ociosa das indústrias, terras ociosas, mão de obra ociosa, grande disponibilidade de insumos, novos métodos de reciclagem de materiais, etc), se caso houver divisão igualitária do lucro nas empresas, na maioria dos setores produtivos a oferta é capaz de acompanhar a demanda, não havendo grande desiquilíbrio, o que consequentemente não impactaria muito na inflação. Contudo, é possível que haja algum impacto na inflação, mesmo que não seja enorme.

Essas variações inflacionárias dependem muito do setor produtivo em alguns setores aumentariam mais, e em outros menos.

O problema maior é em relação ao aumento do consumo, o que pode levar a problemas ambientais, etc. Bom, pra isso será necessário o fomento a empresas de reciclagem, adesão de veículos que poluem menos, embalagens biodegradáveis, redução da obsolescência programada, e consciência ambiental. Esse problema é o maior defeito do modelo, pois com os trabalhadores tendo maiores rendimentos o aumento do consumo é inevitável.

Se a ideia é a divisão igualitária dos lucros, contrapondo-se ao privatismo e ao estatismo, isto vai contra o socialismo marxista que estatizou as propriedades privadas, onde a maior parte dos lucros passou a ficar com meia dúzia de políticos e burocratas, mudando a forma de explorar os trabalhadores, onde estes pararam de ser explorados pelos burgueses e passaram a ser explorados pelos políticos.

Seguindo a mesma lógica, também vai contra o privatismo burguês, onde os trabalhadores produzem a maior parte das riquezas e ficam com a menor parte dos lucros, sendo que 1% da população mundial detém mais riqueza que os outros 99%, gerando pobreza, fome, e desigualdade.

Essa é a minha ideologia política, social, e econômica — essa é a minha utopia. Chamem-na do nome que quiserem !

Para superar a pós-modernidade, não basta a implementação de valores que superem a decadência atual, é necessário mudar também o modelo econômico vigente.

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